sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Fiel e a Estrela Bailarina

É estranho, quando era adolescente eu frequentava igrejas, com bastante assiduidade e ouvia muito falar de ''nascer de novo'', os evangelhos dizem que aquele que quiser ver o reino dos céus precisa nascer de novo, também dizem que precisa ser como uma criança... Alguns dizem que pra alcançar esse novo nascimento uma pessoa precisa aceitar Jesus, isso nunca foi realidade pra mim, acho que é uma maneira equivocada de colocar as coisas... Mas aos 15 anos tive uma experiência de fé marcante, como se eu tivesse morrido e ressucitado juntamente com Cristo, morria naquele momento para a vida que levava até então e ressucitava para uma vida de fé. Tive uma descarga enorme de vitalidade dentro de mim que durou por vários meses, a princípio foi ótimo, uma mudança considerável em certos setores da minha vida, uma revolução que mudou uma parcela de meus interesses e nortes... Adotei, como uma criança, os dogmas e valores que me foram passados, sem questionamentos, me adaptei aos mais experientes que estavam a minha volta e adquiri um estilo de vida que até tinha o seu brilho mas que não era, de fato, autêntico, isso me incomodava, mas eu estava ocupado demais, tentando extrair o melhor daquela vida nova que eu tinha iniciado e não queria ser atrapalhado por questionamentos mais profundos. Quando olho pra imensa maioria dos cristãos mais devotos que conheço vejo um quadro assim, como o meu naquela etapa da vida.
Com o passar do tempo foi surgindo uma fé dentro de mim, de que eu deveria ser honesto comigo mesmo, mesmo que para isso eu tivesse que atropelar os valores e dogmas que até então eu tinha acatado como divinos, toda aquele modo de ser me soava falso e eu queria me encontrar, eu queria me libertar, não apenas da minha educação cristã, mas também dos condicionamentos que a sociedade colocou em mim, romper com tudo que qualquer coisa a minha volta fez de minha personalidade... Precisava duvidar, questionar, rasgar aquelas roupas,não por mera rebeldia, mas por acreditar que tudo isso tomava o lugar de algo maior na minha vida.
Então, aos 21 anos, tive o meu segundo nascimento, uma nova descarga de vida que durou por meses, rejuvenesci visivelmente, fui tomado por um estado de inocência interior, como o de uma criança, um certo maravilhamento pelo simples fato de estar vivo... Muita coisa mudou... Depois daquela época eu ainda passei por muitas crises, a diferença está no fato de que eu me vejo nesse novo Diego, muito, muito mais do que naquele Diego mais condicionado.
É claro que houve um preço, como em todas as mudanças, pois ninguém pode voltar a infância sem encarnar toda a imaturidade que corresponde a esta, é o tal do caos que precede o surgimento da estrela bailarina...

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