sábado, 1 de outubro de 2011

Psicanalíse e a Yoga

''Com efeito, os sábios e ascetas hindus sentiram a necessidade de explorar as razões obscuras do espírito; comprovaram que os condicionamentos fisiológicos, sociais, culturais, religiosos... eram fáceis de delimitar e, em conseqüência, de dominar. Pelo contrário, os grandes obstáculos para a vida ascética e comtemplativa surgiam da atividade, do inconsciente, dos samskara e dos vasana, «impregnações», «resíduos», «latências» que constituem o que a psicologia das profundidades designa como «conteúdos», «estruturas» e «impulsos» do inconsciente. É muito fácil lutar contra as tentações mundanas, muito fácil renunciar à vida familiar, à sexualidade, às comodidades, à sociedade. Mas, precisamente, quando um se crê dono de si mesmo, surgem de repente os vasana e reaparece o «homem condicionado» que somos cada qual. Daí que o conhecimento dos sistemas de «condicionamento» do homem não podia ser para o ioga e para a espiritualidade hindu em geral um fim em si mesmo. O importante não era conhecer os sistemas de «condicionamento», mas dominá-los. trabalhava-se sobre os conteúdos do inconsciente para, «queimá-los». Pois, diferente da psicanálise, o ioga estima que é possível controlar os implusos do inconsciente''

A Prova do Labirinto (Mircea Eliade)

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